Cíntia Silva

O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é o agente causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). O HIV é um retrovírus que ataca o sistema imunológico, especificamente as células T CD4+, levando a uma diminuição progressiva dessas células e, eventualmente, à imunodeficiência.A infecção pelo HIV é caracterizada por uma fase inicial de destruição maciça das células T CD4+ de memória, que pode ser compensada temporariamente pela regeneração dessas células. No entanto, essa regeneração não é sustentável a longo prazo, resultando em falha na homeostase das células T CD4+ e no declínio das populações de células efetoras críticas, o que aumenta a suscetibilidade a infecções oportunistas

A AIDS é definida por uma série de sintomas, infecções e tumores que ocorrem devido à imunodeficiência causada pelo HIV. Indicadores principais da doença incluem baixa contagem de células CD4, perda severa de peso corporal, pneumonia por Pneumocystis e sarcoma de Kaposi A progressão da doença pode levar muitos anos em indivíduos não tratados, e a introdução da terapia antirretroviral altamente ativa (HAART) reduziu significativamente as taxas de diagnóstico e mortalidade associadas à AIDS.

O HIV-1, a principal causa da AIDS, evoluiu a partir de vírus da imunodeficiência símia (SIV) que infectam chimpanzés e gorilas na África Central. A transmissão interespécies desses vírus para humanos resultou em várias linhagens de HIV-1.A infecção pelo HIV é uma condição crônica para a qual ainda não há cura ou vacina, e a prevenção primária é essencial para reduzir novos casos de infecção.

Herpes zoster, herpes genital e herpes labial são condições distintas causadas por diferentes vírus da família Herpesviridae, mas compartilham algumas características comuns, como a capacidade de estabelecer infecções latentes e reativar-se posteriormente.

- Herpes Zoster: Resulta da reativação do vírus varicela-zoster (VZV), que permanece latente após a varicela(catapora). A reativação causa uma erupção cutânea dolorosa e vesicular conhecida como herpes zoster ou "cobreiro" e pode levar à neuralgia pós-herpética.

- Herpes Genital: Geralmente causado pelo HSV-2, embora o HSV-1 também possa ser responsável. Transmitido principalmente por contato sexual, causa lesões dolorosas na região genital, com o vírus permanecendo latente nos gânglios nervosos.

- Herpes Labial: Principalmente causado pelo HSV-1, manifesta-se como lesões ao redor dos lábios. O vírus também fica latente e pode se reativar devido a fatores como estresse ou exposição solar.

Embora todos esses vírus pertençam à mesma família e compartilhem a capacidade de latência e reativação, eles diferem em termos de localização das lesões, modo de transmissão e complicações associadas. O tratamento para herpes zoster e herpes simplex geralmente envolve o uso de antivirais como aciclovir, valaciclovir ou famciclovir, que são mais eficazes quando iniciados precocemente.

A sífilis é uma infecção sistêmica causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida principalmente por via sexual e vertical. A doença é dividida em estágios clínicos que orientam o tratamento e o acompanhamento.

A sífilis precoce inclui os estágios primário, secundário e latente precoce. A sífilis primária é caracterizada por uma úlcera indolor, conhecida como cancro, no local da infecção. A sífilis secundária manifesta-se com erupções cutâneas, lesões mucocutâneas e linfadenopatia. A sífilis latente precoce é definida pela reatividade sorológica sem manifestações clínicas, adquirida no ano anterior.

A sífilis tardia abrange a sífilis latente tardia e a sífilis terciária. A sífilis latente tardia é assintomática e diagnosticada por testes sorológicos, ocorrendo mais de um ano após a infecção inicial. A sífilis terciária pode ocorrer anos após a infecção inicial e se manifesta com lesões gomatosas, envolvimento cardiovascular e neurossífilis, que pode ocorrer em qualquer estágio da doença.

O diagnóstico de sífilis é dado pelos testes treponêmicos e não treponêmicos e funcionam de maneiras diferentes:

1. Teste Treponêmico: Este teste detecta anticorpos específicos contra o Treponema pallidum, o causador da sífilis. Ele é altamente sensível e pode confirmar a infecção, mesmo em estágios iniciais. Porém, não serve para acompanhar a cura, já que os anticorpos podem persistir por anos, mesmo após o tratamento.

2. Teste Não Treponêmico: Este teste detecta anticorpos que o corpo produz em resposta à infecção, mas não são específicos do Treponema pallidum. Ele é útil para avaliar a atividade da infecção e monitorar a resposta ao tratamento. Após o tratamento eficaz, os níveis desses anticorpos devem diminuir.

Em resumo, o teste treponêmico é usado para diagnosticar a sífilis, enquanto o teste não treponêmico é útil para avaliar a cura e monitorar a evolução do tratamento. Ambos são importantes no manejo da doença.

O tratamento da sífilis precoce geralmente envolve uma única dose intramuscular de penicilina benzatina, enquanto a sífilis tardia requer um regime mais prolongado.

A neurossífilis, que pode ocorrer em qualquer estágio, é tratada com penicilina cristalina, sendo necessário internação para seu uso e acompanhamento.

A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) é uma estratégia de prevenção do HIV que envolve o uso de medicamentos antirretrovirais por pessoas NÃO infectadas para reduzir o risco de aquisição do vírus. A PrEP é altamente eficaz quando utilizada de forma consistente. O PCDT (Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV) de PrEP preconiza que a a PrEP pode ser indicada para toda a população sexualmente ativa a partir de 15 anos.

Os regimes de PrEP mais comuns incluem a combinação de tenofovir disoproxil fumarato (TDF) e emtricitabina (FTC), que pode ser administrada diariamente ou sob demanda (para alguns grupos específicos). A PrEP contínua envolve o uso diário do medicamento, sendo indicada para quem tem mais de duas relações por semanas. Já a PrEP sob demanda é tomada em doses específicas antes e após a atividade sexual (2+1+1) indicada para quem tem menos de duas relações por semana.

A eficácia da PrEP está fortemente correlacionada com a adesão ao tratamento, com taxas de proteção superiores a 95% em usuários com alta adesão.Além disso, a PrEP é geralmente segura e bem tolerada, com eventos adversos renais e gastrointestinais sendo raros e reversíveis.

A adesão rigorosa ao tratamento, o acompanhamento médico regular e os exames periódicos são essenciais não apenas para garantir a eficácia da PrEP, mas também para monitorar a saúde geral do paciente e prevenir complicações. Com essas medidas, é possível oferecer uma abordagem completa e segura, assegurando a máxima proteção contra o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, além de promover o bem-estar contínuo dos usuários.

As infecções urinárias recorrentes (ITU) são comuns, especialmente em mulheres, e podem ser influenciadas por diversos fatores, incluindo comportamentos sexuais e o uso de contraceptivos. A literatura médica destaca que a atividade sexual, o uso de espermicidas e a história familiar de ITU são fatores de risco significativos para a recorrência de ITU em mulheres. Em mulheres pós-menopáusicas, fatores mecânicos e fisiológicos, como a atrofia vaginal, também desempenham um papel importante.

Para a prevenção de ITUs recorrentes, várias estratégias são recomendadas. Medidas não antibióticas incluem o aumento da ingestão de líquidos, urinar sempre que tiver vontade; urinar antes e após o coito, evitar diafragma e espermicidas; evitar banhos de espuma ou duchas; cuidado com a higiene anal e vaginal. A profilaxia antibiótica contínua ou pós-coital pode ser eficaz, mas deve ser usada com cautela devido ao risco de resistência antimicrobiana.

Portanto, a abordagem para prevenir ITUs recorrentes deve ser individualizada, considerando os fatores de risco específicos de cada paciente e as evidências disponíveis para as diferentes estratégias preventivas.

A vacinação em adultos e idosos é uma estratégia crucial para a prevenção de doenças infecciosas, especialmente em populações vulneráveis, como aquelas com infecções por herpes, HIV/AIDS e sífilis. As diretrizes de vacinação para adultos são atualizadas anualmente pelo Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Imunizações , e incluem recomendações específicas para diferentes grupos etários e condições de saúde

Para adultos e idosos, a vacinação contra herpes zoster é altamente recomendada. O uso da vacina recombinante contra herpes zoster (RZV, Shingrix) é preferido devido à sua eficácia superior em comparação com a vacina viva atenuada (ZVL, Zostavax). A RZV é segura para pessoas imunocomprometidas, incluindo aquelas vivendo com HIV, e é recomendada para todos os adultos com 50 anos ou mais.

Em relação ao HIV/AIDS, a vacinação contra hepatite B é recomendada para todas as pessoas não vacinadas e não infectadas. Além disso, a vacinação contra hepatite A é recomendada para homens que fazem sexo com homens (HSH), usuários de drogas injetáveis, pessoas com doença hepática crônica e pessoas vivendo com HIV.

Para a prevenção de sífilis, não há vacina disponível, mas a prevenção primária inclui a vacinação contra hepatite B e HPV, que são IST’s preveníveis por vacina. A vacinação contra HPV é recomendada até os 26 anos de idade, com decisões compartilhadas para adultos entre 27 e 45 anos que não foram adequadamente vacinados. E já está incluída no calendário de quem usa a PREP.

Além disso, a vacinação anual contra a gripe e a vacinação contra pneumococo são recomendadas para adultos mais velhos e aqueles com condições de saúde subjacentes, como diabetes, para reduzir o risco de complicações graves. Essas estratégias de vacinação são fundamentais para reduzir a morbidade e mortalidade associadas a infecções em adultos e idosos, especialmente em populações com condições de saúde que aumentam o risco de complicações infecciosas.